Consumo de energia da lâmpada é melhor do que o definido como ótimo pelo Departamento de Energia dos EUA; adoção em massa reduziria drasticamente o impacto no meio ambiente.
Por Henrique Cesar Ulbrich
A empresa norte-americana Cree mostrou em julho um protótipo de lâmpada de iluminação baseada em LEDs que entrega uma luminosidade maior do que as lâmpadas comuns. É tão eficiente que ultrapassa os níveis considerados ótimos do Departamento de Energia dos Estados Unidos para o que eles chamam de “Lâmpada do Século 21”.
As lâmpadas de estado sólido demonstradas pela Cree, cuja tecnologia a empresa batizou de TrueWhite, entregam cerca de 1.300 lúmens com uma eficiência de 152 lumens por Watt. Fazendo as contas, isso quer dizer que a lâmpada consome apenas 8,5W, aproximadamente, de energia elétrica.
Para fins de comparação, uma lâmpada incandescente de 100W (cuja eficiência está em torno de 15 lumens por Watt quando nova) entrega cerca de 1.400 lumens, enquanto uma de 60W entrega apenas cerca de 850 lumens. Ou seja: a lâmpada de LEDs da Cree é mais de dez vezes mais econômica do que uma lâmpada comum, de bulbo.
Os dados foram fornecidos pela própria empresa, o que faria esta nota ter parcialidade duvidosa não fosse o fato de o governo norte-americano ter aprovado os números. Além disso, uma empresa de auditoria independente, a OnSpex, confirmou a eficiência do dispositivo.
A eficiência é tanta que, se adotada pela população, pode reduzir o consumo de energia dos EUA a níveis anteriores a 1987 – portanto, é uma respeitável alternativa verde.
Uma demonstração da lâmpada (que, lembremos, ainda é um protótipo e ainda não está à venda) pode ser vista no YouTube pelo atalho youtu.be/rWx_2fqhzOQ. O site da empresa é cree.com.
Lâmpadas e sua eficiência
Na época das velhas lâmpadas incandescentes – aqueles bulbos com um filamento de metal dentro, inventados por Tomas Edison há mais de cem anos -, nos acostumamos com a idéia de que a potência das lâmpadas (em Watts) indicava sua luminosidade. Quase. Na verdade, essa potência (popularmente conhecida como “wattagem” ou “velas”) indica o quanto de energia a lâmpada consome, “chupa”, da sua conta de luz. Uma lâmpada incandescente de 100W (ou “cem velas”…) gasta mais do que uma de 60W. Ilumina mais também, mas isso é por acaso.
Uma lâmpada fluorescente, conhecida popularmente como “luz fria”, tem uma eficiência energética maior do que as incandescentes. Por isso, uma lâmpada fluorescente de cerca de 30W ilumina tanto quanto um bulbo incandescente de 100W. A luminosidade (medida em lumens) é aproximadamente a mesma, mas a luz fria é 60% mais econômica. É uma economia e tanto.
As lâmpadas de LED são ainda mais eficientes que as “luzes frias”. No caso da lâmpada da Cree, a economia chega a ser de 90% se comparada à de uma incandescente. Há outros modelos, de diversos fabricantes como Osram e Philips que também são muito eficientes, embora – por enquanto – não tanto quanto a da empresa.
O problema das lâmpadas de LED, ainda, é o custo: é ainda muito mais cara que os modelos tradicionais, embora essa diferença esteja caindo. Por isso mesmo, a maioria das lâmpadas a LEDs servem para aplicações específicas,como iluminação de vitrines ou luz indireta. A lâmpada da Cree (ainda um protótipo) é uma das poucas que podem ser usadas em iluminação geral.
Entenda os LEDs
(Imagem: Wikipedia / Creative Commons)
LED quer dizer _*Ligh Emitting Diode*, ou diodo emissor de luz. Os LEDs usam uma pastilha de silício (o mesmo material usado nos chips de computador) “dopada” com Arsenito de Gálio e outros elementos. Essa pastilha de silício, quando percorrida por eletricidade, ilumina-se. A grande sacada é que a energia gasta para acender o LED é muito menor do que a gasta para acendeu uma lâmpada incandescente comum, dessas de filamento, de mesma luminosidade.
Quando foi inventado, na década de 1960, o LED servia apenas pra substituir lampadinhas em painéis de aparelhos – já era uma alternativa menor, que esquentava menos e consumia menos energia. Mas não servia para muito mais além disso – e eram encontrados apenas na cor vermelha (os LEDs verdes e amarelos surgiram muito tempo depois).
Com o passar do tempo, os LEDs foram ganhando novas cores (inclusive a imprescindível luz branca) e foram ficando ainda mais eficientes e ganhando mais luminosidade. Hoje, são tão luminosos que podem iluminar painéis de LCD – a sua TV “de LED” na verdade é de LCD, mas iluminada a LED em vez de com luz fluorescente dos modelos antigos.
A eficiência (ou seja, quanto o LED “economiza” de energia para iluminar o ambiente) sempre foi muito grande, e hoje, com o aprimoramento da tecnologia, é ainda maior. O grande problema dos LEDs sempre foi o fato de que, para substituir as lâmpadas, precisavam mostrar uma luminosidade muito grande, e eles sempre foram “fraquinhos” – além, é claro de custar bem mais caro do que as tecnologias incandescente e fluorescente.
Diz-se que os LEDs são “lâmpadas de estado sólido” porque são isso mesmo: o chip de silício e o invólucro plástico formam um só bloco. As lâmpadas fluorescentes são ocas e contém um gás especial, mais alguns componentes químicos (tóxicos) como sódio, flúor e chumbo. Já as lâmpadas incandescentes possuem, dentro do bulbo oco, um gás inerte e um filamento de tungstênio.
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