Estudos empíricos demonstram que a interação com os usuários, já nos estágios iniciais dos processos de inovação está positivamente relacionada com o sucesso de novos produtos e serviços (Gruner e Homburg, 2000). Baseando-se nestes conceitos, a etapa de identificação das necessidades de iluminação foi desenvolvida conjuntamente com o usuário a partir dos seguintes objetivos:
- Identificar os espaços e objetos existentes na casa dos participantes (tipo e número de quartos, divisões, etc.);
- Identificar quais são as atividades desenvolvidas pelos habitantes da casa e a necessidade de iluminação durante o dia (manhã, tarde e noite) e nos dias úteis e fins de semana;
- Identificar os produtos e os locais da casa com os quais estas atividades são realizadas;
- Identificar os pontos positivos, os pontos negativos e as expectativas dos participantes em relação à iluminação.
Para tanto, foram utilizadas ferramentas descritas a seguir, que apresentam diferentes níveis de interatividade:
- Entrevista semi-estruturada e observação direta: a entrevista é aplicada pelo pesquisador para obter repostas a perguntas lançadas pessoalmente ao participante. A entrevista semi-estruturada tem perguntas pré-definidas, que podem ser modificadas durante a entrevista, caso seja necessário. A técnica de observação direta é um método qualitativo, executado com o objetivo de obter informações (de caráter mais implícito) sobre pessoas, seus hábitos ou os objetos que usam em seus contextos naturais sem perguntar ou se comunicar.
- Narrativa e etnografia fotográfica: A narrativa se caracteriza como uma técnica metodológica apropriada aos estudos que se fundamentam nas ideias fenomenológicas e existenciais. Sendo que, por meio desta técnica torna-se possível ao pesquisador, aproximar-se da experiência vivida pelo narrador. A etnografia fotográfica tem como base a captação de imagens realizada pelo indivíduo a ser pesquisado. Esta técnica consiste no fornecimento de uma câmera fotográfica à pessoa ou ao grupo pesquisado, sendo importante que o indivíduo a ser pesquisado expresse suas impressões positivas ou negativas, por meio desta ferramenta.
Exemplos de imagens capturadas pela Sra. Juliana associadas a sentimentos positivos e negativos
- Contextmapping: O trabalho com contextmapping ou “mapeamento do contexto” envolve intensamente os usuários na criação de uma compreensão do contexto de uso e, portanto, pode ser considerada como uma forma de design participativo (VISSER, STAPPERS, LUGT, 2005). Deste modo, na fase de exploração do contexto, os usuários são envolvidos no que é chamado de “generative research”, que inspira e informa a equipe de projeto nas fases iniciais do processo de design e as técnicas utilizadas têm como objetivo criar a consciência do contexto, provocando reações emocionais nos participantes (VISSER, STAPPERS, LUGT, 2005).
Aplicação da ferramenta contextmapping no mapeamento das atividades desenvolvidas pela família
De modo geral observou-se que a cozinha, por ser um ambiente multifuncional, é o mais utilizado pelos moradores e o que agrega o maior fluxo de atividades. Além de ser a peça central da casa, que une os outros cômodos ele é um ambiente misto tanto para o lazer – assistir televisão e sentar no sofá para descansar – quanto para o trabalho doméstico – cozinhar, preparar o pão e estudar. Isso gera uma situação singular, pois torna-se necessário um estudo de iluminação que atenda de modo diferenciado os requisitos de atividades de lazer e de trabalho.
Referências:
Gruner, K.E./Homburg, C. (2000): Does Customer Interaction Enhance New Product Success? Journal of Business Research. 49: 1-14.
Visser, F. S.; Stappers, P.J.; Van der Lugt, R. (2005): Contextmapping: Experiences from practice. CoDesign: International Journal of CoCreation in Design and the Arts, v. 1, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.maketools.com/pdfs/ Contextmapping_SleeswijkVissereta l_05.pdf>. Acesso em: 22/03/2011.